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Por Vinicios Ranzan

A mobilidade urbana é um desafio para qualquer grande cidade e, à medida que a tecnologia avança, surgem cada vez mais soluções eficientes. No entanto, a infraestrutura de transporte evolui de forma mais lenta, devido à complexidade e gastos que envolvem grandes obras de engenharia.

A frota de veículos mais que dobrou no Brasil em 10 anos, saltando de 48,5 milhões em 2010 para 109 milhões em abril de 2021. Isso intensifica os desafios e impulsiona o setor a buscar novas soluções. No ano passado, o Brasil registrou 35 mil mortes por acidentes de trânsito. Em todo o mundo, 1,35 milhão de pessoas morrem a cada ano.

Desde 2015, uma iniciativa catarinense tem contribuído para tornar os investimentos na área mais eficientes, visando à melhoria da segurança viária. O software de inspeção de rodovias Stars, que significa Smart Technology to Advanced Road Safety (tecnologia inteligente para segurança rodoviária avançada, na tradução em português), foi desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Transporte e LogísticaLabTrans) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Com um vídeo-levantamento da estrada, feito com uma câmera acoplada a um veículo, os cientistas conseguem classificar a estrada em uma escala de acordo com critérios internacionais padronizados e ainda obter um plano de investimentos para “salvar vidas” nas estradas mais perigosas. Este trabalho segue a metodologia e os padrões do International Road Assessment Program (iRAP), que orienta os investimentos internacionais em infraestrutura viária.

“Essa metodologia iRAP é muito bem aceita pelo Banco Mundial e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, pois é uma metodologia que permite visualizar possíveis resultados, em termos de segurança viária, de investimentos em infraestrutura”, explica o doutor em engenharia Coordenadora de Segurança Civil e Rodoviária do LabTrans, Camila Barreto.

escala de risco
Tudo começa com uma pesquisa em vídeo da estrada. Segundo o coordenador, o LabTrans já realizou levantamentos em São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Ceará, onde foram analisados cerca de 100 quilômetros de vias urbanas em Fortaleza.

“O Stars é uma solução integrada de baixo custo, em que as imagens são obtidas por meio de câmeras de ação, como a GoPro. Utilizamos um veículo de passeio e instalamos a câmera de acordo com um padrão pré-estabelecido e fizemos um levantamento a partir dele. Podemos levá-lo rapidamente para qualquer lugar, sem a necessidade de veículo próprio, previamente equipado ”, explica Camila.

Por meio das imagens capturadas, a equipe LabTrans processa e codifica os dados em Stars, identificando mais de 70 atributos diferentes - como velocidade da estrada, se a faixa é simples ou dupla, a existência de cruzamentos, travessias de pedestres, acostamentos, objetos nas laterais , entre outros, gerando uma espécie de radiografia da estrada. Depois disso, os dados são exportados para outro software do programa iRAP, denominado ViDA.

“Usando o software iRAP, obtemos o classificação por estrelas das estradas, de 1 a 5 estrelas, sendo uma estrela a estrada de maior risco para os usuários ”, explica Camila. A ViDA também classifica as estradas de acordo com o risco associado a quatro tipos de usuários: ocupantes de veículos, motociclistas, pedestres e ciclistas.

plano de investimento
O software ViDA também gera planos de investimento para estradas mais seguras. Segundo Camila, existe uma lista com mais de 90 contramedidas ou medidas de engenharia, a maioria de baixo custo, que impactam na melhoria da segurança viária.

“Cada uma dessas contramedidas tem um custo, dependendo do país ou mesmo da região. Com dados socioeconômicos e de acidentes, é possível gerar esses planos de investimento economicamente viáveis, incluindo uma estimativa de quantas vidas e ferimentos graves podem ser salvos em 20 anos. ”

Com base nesta metodologia, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) iniciou o levantamento funcional de toda a malha federal brasileira (60.000 quilômetros) em julho de 2020. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também incorporou a metodologia iRAP nos projetos de concessão.

planeja ir mais longe
O LabTrans não é a única instituição credenciada para realizar esse tipo de pesquisa, mas é uma das 11 Centros de Excelência iRAP em todo o mundo, o único no Brasil. Agora que a UFSC possui o Registro de Estrelas no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), emitida em 18 de maio, a equipe quer trabalhar com o controle de qualidade das obras na área.

“O Stars já recebeu o certificado do Inpi. Depois disso, ele tem esse registro válido por 50 anos. Mesmo assim, buscamos inovações e melhorias nas etapas de pós-codificação e controle de qualidade, que seriam avaliar a codificação realizada por codificadores LabTrans ou codificadores de outras empresas, conforme previsto pela metodologia iRAP. Podemos avaliar se isso está sendo feito corretamente, de acordo com o Manual de Codificação Rodoviária iRAP, incluindo novos recursos na avaliação da codificação rodoviária por meio de mapas e verificação de imagens. Outros sistemas credenciados pela iRAP no mundo não possuem esse segundo processo ”, explica Camila.

Este artigo foi reproduzido de https://amp-ocp-news.cdn.ampproject.org/c/s/amp.ocp.news/geral/software-catarinense-le-as-rodovias-e-aponta-os- melhores-investimentos-para-torna-las-mais-seguras

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