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Legenda da foto: Área de fuga da BR-277, sentido Curitiba-Litoral. (Guilherme Pupo / Ecovia).
Reproduzido com uma tradução em inglês de Gazeta Do Povo. História de Elvira Fantin.

Um novo conceito está sendo aplicado no Brasil e no Paraná para melhorar a segurança viária e reduzir acidentes e mortes: o “perdão nas rodovias”. A proposta é minimizar o impacto do erro humano com a construção de áreas de escape, instalação de barreiras de segurança e linhas de vibração, entre outras intervenções. Caso o motorista se engane, ele pode contar com os recursos que a estrada oferece para evitar o acidente ou, pelo menos, minimizar suas consequências.

A prática começou há cerca de 40 anos e já é comum em países mais avançados, mas no Brasil o conceito só chegou em 2018 - e o cenário está longe do ideal, segundo análise da Confederação Nacional de Trânsito (CNT). Estudo realizado pela entidade mostra que, em 2020, os custos com acidentes nas rodovias federais do país corresponderam a R$ 10,2 bilhões (US $ $1,94 bilhões), enquanto os investimentos para evitá-los foram de apenas R$ 6,7 bilhões (US $ $1,27 bilhão).

Em dez anos, todas as rodovias concedidas pela PR serão 3 estrelas ou mais

Esta imagem promete mudar. No Paraná, ações efetivas dentro do conceito de “indulgência de rodovias” já estão nos novos contratos de concessão, que entrarão em vigor a partir de 2022. “Ao final do primeiro ano de concessão, todas as rodovias terão que ser classificadas, no mínimo, como ' 2 estrelas 'e, em dez anos, terão que chegar a pelo menos' 3 estrelas '”, afirma Marcello Costa, secretário nacional de Transportes Terrestres do Ministério da Infraestrutura.

A partir daí, segundo o secretário Costa, serão feitos planos para aumentar as exigências para 4 e 5 estrelas. A classificação varia de 1 a 5 estrelas, de acordo com as condições de segurança no trânsito seguindo padrões reconhecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). “Trouxemos o conceito para o Brasil e assumimos como política pública”, diz o secretário.

“O erro humano vai acontecer e as rodovias têm que perdoar esses erros, sendo equipadas com dispositivos de áudio, sinalização e infraestrutura que reduzem as chances e a gravidade dos acidentes”, ressalta.

Todo o trabalho segue o Metodologia iRAP, desenvolvido internacionalmente para inspecionar estradas de alto risco e reduzir acidentes. No caso das rodovias do Paraná, as primeiras necessidades já foram identificadas e serão identificadas nos contratos. Mas, além disso, as concessionárias se comprometerão, já no primeiro ano da concessão, a fazer um diagnóstico mais detalhado apontando outras demandas.

“Será um avanço”, afirma João Arthur Mohr, gerente de Assuntos Estratégicos da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). “As concessionárias serão obrigadas a investir em segurança dentro desse conceito de 'rodovias que perdoam'. Antes não existia essa exigência ”, comenta.

Além das rodovias concedidas, a União vai investir em rodovias federais não pedagiadas e a expectativa é que os estados também façam o mesmo. No Paraná, no mês passado, o DER lançou o edital do Programa de Segurança Viária nas Rodovias Estaduais (Proseg Paraná), que prevê um investimento de R$ 70 milhões (US $ $13,3 milhões) em segurança em 10.000 quilômetros.

Segundo Hugo Alexander Martins Pereira, especialista em planejamento e gestão de tráfego e professor da Universidade Positivo, o conceito de “rodovias que perdoam” tem que ser aliado às condições das estradas e a uma campanha educativa. “As boas práticas e essa metodologia têm mostrado bons resultados em vários países”, afirma.

Outro especialista no assunto, o professor doutor em engenharia de transportes da UFPR, Jorge Tiago Bastos, classifica como muito importante a manutenção de estradas, acostamentos pavimentados e bermas livres de quaisquer obstáculos, como árvores, postes, paredes e declives.

“Isso é mais do que uma área de fuga, é uma forma de o motorista ter espaço suficiente para retomar o controle do veículo com segurança”, diz ele. Segundo ele, essa solução está prevista, mas nem sempre será possível e, neste caso, as áreas de fuga e as barreiras de segurança também são importantes.

Bastos diz que as condições das estradas no estado e no país são muito diferentes. “Existem trechos muito seguros e outros não”, observa. Bastos reconhece que “muitos avanços ocorreram nos últimos anos, mas ainda há muito a ser feito”.

O número de acidentes nas rodovias federais do Paraná, em 2020, segundo a Polícia Rodoviária Federal, foi de 7.100, com 7.400 feridos e 526 mortos. Eles são muito menores do que há dez anos. Em 2011, foram 22,2 mil acidentes, com 12,4 mil feridos e 740 mortos.

As organizações já começaram a implementar intervenções

Os atuais contratos de concessão do Anel de Integração do Paraná, com 2.500 quilômetros, datam de 1997 e vencem em novembro do mesmo ano. Quando foram assinadas, ainda não havia menção às “rodovias indulgentes”, mas foram realizados investimentos ao longo do período de concessão, visando à segurança.

“Foram realizadas várias ações que não estavam previstas no contrato, como o monitoramento de câmeras, por exemplo”, afirma Thaís Caroline Borges, presidente da CCR RodoNorte. “O contrato nos dá um direcionamento, mas não podemos continuar operando como começamos”, destaca. Ela informa que nos trechos sob responsabilidade da Rodonorte (Curitiba a Apucarana e Ponta Grossa a Jaguariaíva), a taxa de acidentes foi reduzida em 73% e a mortalidade em 82% desde o início da concessão até o final de 2020.

A Ecovia afirma que a redução de acidentes nos trechos onde atua foi de 55,8% desde o início da concessão. Entre 1998 e 2020, mais de R$ 940 milhões (USD$178 milhões) (valores de 2020) foram investidos em melhorias e manutenção, incluindo dispositivos de segurança e sinalização horizontal e vertical. Também foi implantada uma área de exaustão de caminhões no km 37 da BR-277, que liga Curitiba ao litoral.

A Arteris, que administra três concessões de rodovias federais com trechos em operação no Paraná (Régis Bittencourt, Planalto Sul e Litoral Sul), informa que entre 2010 e 2020, houve uma redução nas mortes de 42,3% (Litoral Sul), 56% (Régis Bittencourt) e 66% (planalto sul).

Foram instalados equipamentos de proteção e segurança como barreiras de concreto, atenuadores de impacto e duas áreas de fuga, ambas na BR-376, que liga Curitiba ao litoral catarinense.

 

iRAP Nota: iRAP parabeniza a Autoridade do Paraná por esta política de liderança que salvou vidas. O Paraná é um importante estado do Brasil, geograficamente cerca da metade do tamanho do Paraguai e com grandes investimentos em infraestrutura rodoviária. São mais de 2.500km de concessões que começaram em 1997 e terminam em novembro deste ano.

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